Entrevista Julia Lage





 Como a música entrou em sua vida?

Essa é engraçada. Eu tinha uns cinco anos e era hiperativa, batia em todos os coleguinhas no jardim de infância. Encaminharam-me para uma psicóloga e lá, tinha um pianinho. Sentei e ali fiquei tranqüila a consulta inteira.
A psicóloga logo concluiu que eu precisaria de um estímulo artístico para extravasar minha energia acumulada. Mudei de colégio, comecei a tocar flauta doce, harpa, violino e fazer canto coral. Apaixonei-me. Ia com a flauta até no banheiro para ajudar na meditação (rsrsrs). Mais tarde comecei a tocar flauta transversal, violão e a praticar mais e mais o canto. O mais legal de tudo é que parei de bater nos coleguinhas, menos naqueles que mereciam, é lógico...
 O que te levou ao Baixo Elétrico?

Bem, na adolescência minha mãe começou a me mostrar os clássicos do Rock e eu amei! Queria montar uma banda com minhas amigas de colégio de qualquer jeito!
Na verdade, queria tocar bateria, mas era inviável ter uma em casa… Então um dia, escutando Aerosmith que tinha acabado de descobrir, me envolvi completamente com a linha do baixo! Meu avô tocava chorinho no violão e também fazia umas linhas de baixo incríveis no violão. Juntei tudo. Minhas lembranças de infância, minha paixão pelo rock e pronto, a ficha caiu! Vou ser baixista! O mais curioso foi que enquanto minha mãe não me comprou um baixo eu construí um com um pedaço de madeira e uns barbantes amarrados. Era uma lástima, mas eu já fazia a pose (hahaha!).

 Quais suas influências nos primeiros anos de instrumento? Elas mudaram hoje em dia?

Nossa, eu ouvia muito Aerosmith e Guns N' Roses. Queria ser o Steven Tyler e o Duff Mckagan ao mesmo tempo (RS). Comecei a tocar basicamente por causa dessas duas bandas.
Ouvia também, Black Sabbath, Ozzy, Iron Maiden, Metallica, Led Zeppelin, Nirvana, entre outros e o que mais tocasse nas rádios de rock da época. Hoje em dia não escuto tanto essas bandas quanto costumava ouvir. Novas descobertas vieram e a cada dia sons novos e diferentes fazem parte desse repertório. Com a internet e o Youtube na nossa mão, não existem barreiras. Curto ouvir guitarristas também. Gosto de bons solos e música instrumental como Keith Urban, Guthrie Govan, Steve Vai, Richie Kotzen etc. Outras duas bandas que vieram depois e que me influenciam muito até hoje foram The Police e Rush. Quero ser o Geddy Lee (em termos musicais, claro, rsrsrrsr).

 E aquela História que você tocava e cantava Rush

Eu cursei licenciatura em música na FASM e lá fiz grandes amigos. Estávamos fazendo um som uma vez e começamos a lembrar das músicas do Rush, aí veio à idéia de tocarmos sons do Rush! Tocávamos as músicas que mais gostávamos e era de brincadeira, nunca foi para frente, mas adorávamos a hora em que acabavam as aulas para irmos lá tocar Rush. Era um Power trio igual os caras e eu tocava baixo e cantava.
                                                                                                                           
Falando de coisas mais recentes, como surgiu o convite para entrar na Barra da Saia?

Eu estudava no conservatório Souza Lima e fazia aula com Ximba Uchyama. Na época, Felipe Andreoli (baixista da Angra) também freqüentava o conservatório e acabou me indicando para fazer um teste na Barra da Saia que estava procurando uma baixista.
Foi assim, 12 anos atrás.  Entrei e lá estou até hoje.

 Como foi a adaptação ao estilo Roça N Roll?

O estilo Roça N' Roll foi desenvolvido lá dentro aos poucos por nós mesmas. Lá na Barra da Saia cada menina traz uma influência diferente e nada mais natural depois de tantos anos tocando e criando juntas, criarmos uma identidade sonora. Acabamos nomeando de Roça N Roll porque no fim das contas é sertanejo, mas tem uma pegada atual e um pezinho no rock sim!

 Vocês fazem muitos Shows ao longo do mês, como fica a manutenção no instrumento?

Na maioria das vezes saímos para viajar no final da semana e voltamos no começo da semana seguinte. Nesse meio tempo, avião, ônibus, estradas do Brasil e mudanças drásticas de temperatura, realmente o instrumento sofre muito. Costumo mandar no luthier de acordo com o estrago. Normalmente uma vez por mês tem que ir.  

Qual o segredo pra manter o Groove no estilo que vc toca?

Eu aprendi muito ao longo desses anos. Mas aprendi muito na estrada! Não tem coisa melhor para aprender e desenvolver do que sair para tocar! O melhor ainda é tocar com músicos melhores que você. Vai suar, ficar preocupado, mas vai ter que se virar. É aí que você quebra mais uma barreira e vai que vai.
Ouvir bons baixistas, tentar tirar as linhas iguais e com a mesma pegada, também te faz enxergar outras possibilidades no instrumento. Mas o principal é saber diferenciar os estilos e entender a linguagem de cada um! Adoro Rush, mas se tocar sujo igual Geddy Lee numa balada sertaneja vai ficar um pavor.

Saindo um pouco do sertanejo, vc tem algum projeto paralelo?

Tenho sim e na verdade alguns. Tenho um projeto de sons inspirados em The Police, só que em português. Já tem alguns sons prontos e em breve devo divulgar para quem quiser acompanhar. Fora isso, sempre quis compor em inglês. No começo desse ano comecei esse projeto e está sendo interessante. Afinal no meu caso, é um desafio compor em outra língua. Já tenho bastante material. Devo começar a gravar ainda esse mês e estou contente com o resultado até agora.
Além disto, sempre apronto algumas com o baixo, como fazer uns vídeos para a galera e experimentar algumas idéias no instrumento. É algo que curto fazer esporadicamente.

     Quais os próximos passos do Trio e da Julia?

A Barra Da Saia está em um momento bem produtivo agora. Estamos em um escritório muito bacana e parceiro que é a MC3 e em breve gravaremos um novo cd produzido por Dudu Borges e em seguida, se tudo der certo, em janeiro, um DVD novinho em folha!
Fora isso, tenho os meus projetos, que espero até o final do ano finalizar todos.

     Você pode nos falar um pouco sobre o seu SET atual?

Bem, eu viajo muito, cada dia em um lugar. Já aconteceu de estar no Paraná em um dia e no outro no Pará (rsrsr). Nestes casos, o combinado é que os contratantes providenciem no palco o que a banda necessita. Temos um rider técnico, que é cumprido na maioria das vezes. Em geral acabo levando o Music Man Stingray cinco cordas e também o Warwick Corvette Proline cinco cordas e um Sansamp.


Deixe um recado para nossos leitores?

Bem, para quem quiser conhecer um pouco mais do meu trabalho estou no Facebook, Twitter, Myspace e Youtube, todos como Julia Lage. Tem também o site da Barra da Saia, www.barradasaia.com.br.
Galera quero agradecer aos leitores e ao espaço aqui e dizer que não importa se é rock, sertanejo, samba ou clássico. O importante é fazer bem feito!


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Entrevista Dé Palmeira

Entrevista Paulo Soveral

Manual do Groove